quarta-feira, 29 de junho de 2011

As cartas e os erros na mesa



Ainda lembro das palavras do Presidente Ricardo Guimarães em 2005. – “Já tentamos de tudo. Jogador querendo aparecer, jogador de ponta, jogador da base, mas nada dá certo.” – E vejo o momento atual do Atlético da mesma maneira. O Presidente Alexandre Kalil começou sua administração trazendo nomes que estavam sendo esquecidos no futebol, mas que tinham potencial e poderiam dar certo em um novo ambiente. Leão chegou com jogadores experientes como Junior, Tardelli, entre outros, acostumados com títulos. Na mesma temporada vieram Ricardinho, Carini e Renteria, com experiência nas seleções de seus respectivos países, mas que precisavam reencontrar o bom futebol.
A temporada dos ‘esquecidos no futebol’ não deu retorno e veio então o ano das estrelas. Começando pelo banco, Luxemburgo comandou Diego Souza, Daniel Carvalho, Cáceres, Jairo Campos, Obina, Zé Luís, Leandro, Ricardinho, Fábio Costa, Tardelli, Rever, Mendez etc. Um ano catastrófico!
Como as ‘estrelas’ não deram certo, assim como os ‘esquecidos no futebol’, eu rezei muito para que o Presidente não seguisse a linha natural da frase de Ricardo Guimarães, mas ela veio e vemos um ano que segue com um potencial enorme para ser esquecido.
A Cidade do Galo foi palco de 18 apresentações no ano, quase sempre com jogadores que procuram ainda seu espaço no futebol. Patric, Toró, Wesley, Lee, Luiz Eduardo, Gilberto e Jonatas Obina não lembram as contratações bombásticas de 2010, já que ainda buscam um lugar ao sol, no futebol. Dos quatro elementos da frase de Ricardo Guimarães, os ‘promessas’ são o terceiro, sendo que os garotos da base viriam como quarto.
O Galo contrata para movimentar o mercado, sem planejamento, como se achasse um produto na prateleira, sem preocupar-se com a data de validade ou se precisa realmente daquilo. Vemos quatro goleiros nos coletivos, enquanto dois laterais-direito lutam para saber quem receberá menos vaias da torcida. As apresentações mais parecem canais de leilões que nos empurram joias em transmissões pela madrugada. O atacante do Ceará era procurado há anos, o atacante que não aguentava mais o Japão tornou-se um fenômeno, o meia que veio do Qatar, quase caiu no Brasileirão, mas se veio, presumimos que seja como solução.
Após a eliminação na Copa do Brasil para um time rebaixado no Campeonato Paulista, o Atlético apresentou um futebol ridículo no Campeonato Mineiro, perdendo mais um título, e o Brasileiro começa com dores de cabeça para a torcida atleticana.
Confesso que não há somente uma onda de erros, ela vem acompanhada de má sorte também, mas é preciso que o Atlético assuma os erros, para que comece a consertá-los. Após o jogo, vemos jogador falando que a equipe não jogou tão mal assim, quando a apresentação foi pífia. O técnico Dorival Junior foi o primeiro a assumir a culpa, após o Flamengo, o que me surpreendeu, já que a torcida pagou o preço contra o Atlético Goianiense, o juiz levou a culpa contra o Bahia e contra o São Paulo, o Galo teve a ousadia de culpar a retranca do adversário pela derrota.
Falta à diretoria assumir seus erros e deixar de lado essa mania de ‘não-me-toque’. Quem cobra resultado está querendo implantar crise, quem pede um camisa 10 está fugindo da tradição do Atlético, quem torce para que a fala de Ricardo Guimarães não volte a acontecer é pessimista.
Fossem outros presidentes ou outros técnicos, eu estaria pedindo a saída, mas como estou falando de Alexandre Kalil, responsável pela reconstrução do Atlético, e Dorival Junior, um dos melhores treinadores do país, eu peço mudança de atitude, pois coragem e competência para isso, ambos têm.
Assim como a frase de 2005 tem 4 elementos, também vemos 4 elementos que precisam assumir seus erros e rever tudo que fizeram em 2011:
Jogadores – Perceberem que erram passes de 2 metros, assumirem que alguns andam em campo e nunca mais repetirem a cena de sorrisos e trocas de camisas, entre abraços e apertos de mãos, após uma derrota humilhante.
Dorival – Deixar a arbitragem para a diretoria, mostrar um bom futebol em campo e sem erros primários, para que a torcida não vaie. E, principalmente, assumir quando não conseguir realizar alguma dessas funções.
Maluf – Deixar de lado as contratações frustradas há 5 anos e, nas apresentações, não colocar como um deus, quem é um simples mortal. Se trouxe um jogador com 34 anos, num país que não tem tradição no futebol, que diga isso. Trouxe o artilheiro do Mineiro, mas não há uma certeza que ele tem condições de jogar a série A do Brasileiro? Diga!
Kalil – É quem dá a canetada em todos os nomes citados acima. Se o roupeiro ou o massagista errou, é o presidente quem responde, então saiba suportar as manchetes e notícias sem sentir-se um general caçado por anarquistas. Hoje, o senhor deixaria o Atlético numa situação bem melhor do que encontrou, mas sabemos que corrigindo esses erros, você deixará o Atlético com um trabalho que ninguém poderá repetir um dia. Pense grande, presidente. Não queremos jogar nas suas costas o peso de 40 anos, mas não queremos repetir os mesmos erros vividos nessas décadas. Lhe bateram em uma face? Vire a outra, pois quando superar tudo isso, a vitória virá com dignidade.


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