terça-feira, 3 de julho de 2012

Taffarel lamenta problemas financeiros no Atlético, mas diz que período foi marcante

Durante a passagem pelo Galo, ex-goleiro exerceu papel de liderança entre jogadores
Luiz Martini - Superesportes

Arquivo Estado de Minas
Taffarel se tornou ídolo dos torcedores do Atlético pelas atuações e segurança na meta
Um dos maiores goleiros de todos os tempos. O nome de Taffarel é referência quando se fala de jogadores da posição no Brasil e no exterior. Campeão mundial e conhecido por exercer espírito de liderança por onde passou, o ex-arqueiro viveu três anos e meio de sua carreira com a camisa do Atlético. Contratado num período em que o Galo passava por problemas financeiros, ele relembra o passado com o uniforme preto e branco.

“Foi excelente e marcante vestir a camisa do Atlético. Uma grande experiência. Gostei muito de Minas, de Belo Horizonte e do clube. Mesmo com o Atlético passando por problemas financeiros na época em que estive aí, posso dizer que a minha passagem foi maravilhosa”, contou Taffarel ao Superesportes.

A saída de Taffarel foi marcada por discussões e atritos com a diretoria. Uma imagem dele no vestiário do Mineirão, quando tomava banho e discutia com o ex-presidente Paulo Cury, rodou o noticiário esportivo e simbolizou o adeus do goleiro. Taffarel comenta o episódio com o mandatário do período.

“Aquilo ali foi a gota d’água. A gente passava muitas dificuldades de pagamento no Atlético. Os companheiros não podiam ficar três meses sem receber. Como era capitão, eu reivindicava em nome dos jogadores e a gente batia de frente com a diretoria. Cheguei ao ponto de discutir com ele (Paulo Cury), mas ele não era má pessoa. Era um atleticano que queria ganhar com o clube, mas, infelizmente, não deu certo. Hoje tem mais recursos e na época não tinha isso. Essa mudança no futebol foi geral”, disse o goleiro, que fez 191 jogos com a camisa do Atlético.

Jorge Gontijo/Estado de Minas
Goleiro durante treino na Vila Olímpica
Apesar das divergências com a direção, Taffarel fez questão de escrever uma carta ao torcedor, publicado no jornal Estado de Minas, para anunciar sua saída do clube. Ele fez questão de enaltecer os momentos positivos em Minas e agradecer o apoio das arquibancadas e da imprensa.

Campeão Mineiro, da Copa Centenário e da Conmebol, Taffarel torce para que o conterrâneo Ronaldinho Gaúcho faça sucesso no Alvinegro.

“Minha recordação é positiva. É um clube que tem um potencial grandíssimo. É um dos maiores do Brasil e deve procurar melhorar sempre. O Atlético tem uma torcida grandíssima e apaixonada. Seria bom que o Ronaldinho se sentisse bem em Minas, assim como eu me senti. Quem sabe ele pode recuperar o bom futebol e levar o Atlético aos títulos que tanto merece”, frisou.

Seleção Olímpica

Antes de brilhar com a Seleção principal, o goleiro contribuía com a Olímpica. Nos jogos de Seul, em 1988, o atleta fez parte do grupo que ficou com a medalha de prata, ao ser derrotado pela União Soviética na decisão. As atuações nos Jogos fizeram com que Taffarel fosse um dos primeiros goleiros brasileiros a ser contratado pelo mercado europeu. Ele fala sobre a possibilidade de jogar uma olimpíada.

"Disputar uma Olimpíada é muito bonito, mas não é igual a Copa do Mundo. O convívio é bom com outros atletas. Você vê os jogadores de vôlei, basquete e outros esportes juntos na vila olímpica. É um ambiente muito bom. Espero que o Brasil consiga trazer o título. Está na hora de ganhar e para isso o Brasil tem que encanar o espírito olímpico”, afirmou.

Seleção Brasileira

Arquivo Estado de Minas
Taffarel foi tetra com a Seleção em 1994
O título nos EUA em 1994 traduz o ápice de Taffarel com a camisa da Seleção Brasileira. Com a “Amarelinha”, o ex-goleiro jogou três mundiais e sofreu 18 gols em 15 partidas. Na decisão da Copa, o ex-arqueiro pegou a penalidade de Massaro e viu Baggio isolar a chance de conquista da Itália. A sensação de conquistar o torneio mais importante entre seleções é descrita pelo ex-jogador.

“É emocionante. Inesquecível. Aquela foi a primeira Copa decidida nos pênaltis. Depois de 24 anos, o Brasil voltou a ser campeão. Não esqueço aquele último pênalti e a comemoração. Pensava que eu tinha que ajudar. A responsabilidade é de quem vai bater, mas o goleiro precisa ajudar o time, passar confiança”, contou Taffarel, que era conhecido como exímio pegador de pênaltis.

“A técnica para defender pênaltis é esperar a cobrança. Você deixa o atacante na dúvida. Mas se o chute é forte e no canto, chegar na bola é muito difícil. Você tem que contar com o nervosismo do cara que vai bater, pois ele quer definir logo”, revelou.

Treinador de goleiros

Depois de tentar a carreira de empresário, Taffarel se tornou treinador de goleiros. Contratado pelo Galatasaray há um ano, ele não pensa em virar técnico. “Completou um ano que trabalho lá na Turquia. A gente no Sul tem uma história de goleiros que ajuda bastante nessa função. Hoje, trabalho com o Muslera, e com dois turcos. Não penso em virar técnico, mas nesse mundo do futebol nada é impossível. Estou começando nessa nova função. Estou gostando bastante e essa experiência ajuda.

Revelado pelo Internacional, Taffarel não conquistou nenhum título com a camisa colorada. Mas as raízes vermelhas serviram para torná-lo ídolo no clube e também para ter se espelhado em um ex-jogador da equipe.

“Na minha época de adolescente, quando eu comecei a jogar, eu fui treinado pelo Benites, goleiro paraguaio que jogou no Inter. Ele foi uma referência para mim. Peguei muito dessa característica de boa colocação com ele. Era o estilo dele. Ele pedia para estar ligado e ficar em pé. Já a saída rápida de bola com as mãos é uma característica minha.”, finalizou