quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Meu Jogo Inesquecível: Wilson Sideral na festa da volta do Galo à elite



Músico se emociona com lembrança do último jogo na Série B, contra o América-RN, quando torcida festejou volta à Série A, obtida na outra rodada








Para o músico Wilson Sideral, mineiro da cidade de Alfenas, no Sul de Minas, não são poucos os momentos de emoção vestindo a camisa do Atlético-MG. Na verdade, as boas memórias não se restringem somente às partidas do time. Sideral, hoje tenso com a situação do Galo - o clube briga para não cair novamente para a Série B -, guarda bons momentos, principalmente ao lado da torcida alvinegra, que, como ele mesmo diz, tem forte identificação com ele. Mas se houve uma ocasião que conseguiu reunir tanto a euforia da massa atleticana como a emoção de uma partida foi no confronto entre Atlético-MG e América-RN, pela Série B do Campeonato Brasileiro de 2006.


Aquele empate por 2 a 2 marcou o fim da campanha do Galo na Segunda Divisão, competição em que se sagrou campeão. Naquela tarde, Wilson Sideral e Beth Carvalho cantaram para mais de 70 mil torcedores alvinegros que lotaram o Mineirão.


Sideral faz a alegria da massa atleticana
(Foto: Divulgação / Site Oficial do Atlético-MG)


- Foram muitos momentos especiais junto do Galo. O retorno do time à Série A foi muito emocionante. E, naquela ocasião, eu recebi o convite para tocar na festa do título. Eu e a Beth Carvalho fizemos um show bacana, chegando de helicóptero ao Mineirão. E eu desci já com a guitarra, tocando o hino do Galo, e o Mineirão, com 75 mil torcedores. Foi especial.


Mesmo em clima de festa, a partida guardou fortes emoções para os corações alvinegros. No início, tudo indicava que seria uma tarde perfeita. O Galo abriu o marcador, com Danilinho, aos 15 minutos do primeiro tempo. No início do segundo tempo, o time fez 2 a 0, com Roni. Porém, três minutos depois, o América-RN descontou, com Paulo Isidoro. E quando faltavam apenas dez minutos para o fim da partida, Max empatou para a equipe potiguar. Mas é claro que, para os torcedores atleticanos, nada disso importou muito, pois o acesso à Série A já estava assegurado. Para o América-RN, no entanto, o empate não poderia ser melhor, já que a equipe conseguiu a última vaga para a Primeira Divisão.


Relação de amor


Se a torcida foi ao delírio com Wilson Sideral e sua guitarra é porque a história entre os dois vem de longa data. O músico é famoso por já ter composto várias canções com versões especialmente feitas para a torcida alvinegra. Em retribuição, o carinho dos atleticanos sempre foi o melhor presente.


Wilson Sideral recebe o Galo de Prata
(Foto: Divulgação / Site Oficial do Atlético-MG)


- Fico muito contente com o respeito das pessoas. O episódio mais marcante nesse sentido foi quando fui convidado pela diretoria do clube para ser homenageado com o Galo de Prata. Foi emocionante. E quando eu estava apresentando o prêmio, dando uma volta olímpica pelo Independência, a torcida inteira cantava. Isso fica na memória da gente.


Sideral é conhecido por seu trabalho principalmente em Minas Gerais. Aos 18 anos, chegou a Belo Horizonte e, após ter passado por uma banda de reggae, partiu para a carreira solo. O músico começou a fazer shows de abertura de vários grupos consagrados, como Charlie Brown Jr. e Pato Fu. O sucesso, porém, chegou de vez em 1998, quando compôs a música ‘Fácil’, com seu irmão Rogério Flausino, do Jota Quest.


A história de parcerias com Rogério Flausino, porém, começou bem antes, incluindo o amor pelo Galo. Tudo começou em um almoço de família, em Alfenas, no sul de Minas.

- Futebol não tem muita explicação. É uma coisa que sim, pode passar de geração em geração, mas algum detalhe acaba falando mais alto. No meu caso, esse encontro com os jogadores, lá em Alfenas, foi primordial para que eu vestisse essa camisa para o resto da vida. Meu pai não era daqueles de dar muito pitaco. Então, quando conhecemos aqueles jogadores de pertinho, aconteceu alguma coisa que está aí até hoje.


- Eu devia ter uns seis, oito anos, e meus pais, meus irmãos e eu fomos almoçar em um restaurante. Naquele dia, ia ter jogo do Atlético-MG. Depois de um tempo, chegou a delegação do Galo, e era aquele time maravilhoso, dos anos 80, com Reinaldo, Éder, João Leite. E eu lá, pequenininho. A gente pediu para tirar foto com os jogadores, e eles foram superatenciosos, com um carinho enorme. Foi naquele momento que essa paixão se tornou verdadeira.




Se em muitas famílias o que acontece é o pai encaminhar os filhos para o time do coração, com a família de Sideral não foi assim. O pai do cantor torce para o Cruzeiro, maior rival do Galo. Mas, segundo o músico, não foi nada traumático. Nem poderia ser. Afinal de contas, os irmãos de Sideral, incluindo o músico Rogério Flausino, do Jota Quest, são torcedores alvinegros.


Preocupação e sofrimento


Independentemente do amor pelo Galo, Sideral vive, assim como qualquer torcedor, momentos de verdadeiro terror, já que a possibilidade de o time voltar à Série B é bastante real. A equipe está na zona de rebaixamento, com apenas 30 pontos. O músico tem duas explicações para a péssima fase alvinegra: má administração e falta de amor dos jogadores.


- Má administração porque vejo clubes bem menores, de histórias menores, com menos dinheiro, torcida menor, e, apesar disso, não passam por tantos problemas. Já com os jogadores, talvez pelo fato de a maioria não ser criada mais no clube, não conhecer a história dele, pode haver um certo descomprometimento: se der, deu, se não der, tudo bem.


Mas como todo atleticano, Wilson Sideral mantém a confiança.


- A esperança é a última que morre, né? Então vou confiar, acho que podemos sair dessa. Ainda há muitos jogos, muita coisa pela frente.
ATLÉTICO-MG 2 X 2 AMÉRICA-RN
Diego, Luisinho Neto, Marcos, Lima e Thiago Feltri; Márcio Araújo, Bilu, Marcinho e Danilinho (Tchô); Éder Luís (Roni) e Marinho (Galvão).Fabiano, Eduardo, Roni (Leandro Sena), Robson e Adriano Peixe; Fernando Lombardi, Magal, Paulinho Kobayashi (Max) e Souza; Paulo Isidoro e Du (Sérgio).
Técnico: Levir Culpi.Técnico: Heriberto da Cunha.
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG). Data: 25/11/2006. Árbitro:Wallace Nascimento Valente (ES). Auxiliares: Assistentes: Alfonso Scarpati (ES) e Antônio Carlos de Oliveira (ES).
Público: 74.694 pagantes. Renda: R$ 757.960,50. Cartões amarelos:Du, Robson, Paulinho Kobayashi e Magal (América-RN); Thiago Feltri e Marcinho. Cartão vermelho: Magal (América-RN).
Gols: Danilinho (Atlético-MG), aos 16 minutos do primeiro tempo; Roni (Atlético-MG), aos 15 minutos, Paulo Isidoro (América-RN), aos 18 minutos, e Max (América-RN), aos 35 minutos do segundo tempo.




@faelgalo10