sexta-feira, 15 de junho de 2012

DILEMA ALVINEGRO

Marcus Celestino é jornalista do Observatório do Esporte e atleticano exilado no Rio de Janeiro. Na vida, é apenas um bardo. No twitter é @mvcelestino


Não há fardo maior nesta vida do que ser atleticano, afirmo com propriedade. Também é possível afirmar com meu parco conhecimento sobre esta vida a qual nos atamos (ou os nós nos atam) que todos estão aqui – nós, os mortais – nesta Gaia que nos abriga tenramente, en passant. Pois bem, trocaria praticamente todas as alegrias deste breve período terreno por apenas uma taça, somente uma, a que brilhará no mais alto cume das honrarias desportivas.


No entanto, não é bem assim. O atleticano não goza destes floreios com facilidade. Quem nasce atleticano tem a predisposição natural ao labor pesado, nasce com as mãos calejadas e com o coração preparado para sentimentos antagônicos. Não é que seja mais difícil para nós, não mesmo. Somente é mais emocionante, porque assim uma força divina (ou profana) o quis. Gosto desta emoção, deste ser ou não ser inflamado que nos guia. O porquê pouco me importa, mas aprecio o modo como o atleticano se reinventa, ressurge, vibra, engrandece e, claro, forma com outros da mesma estirpe, uma democrática aliança.


“Somos homens e mulheres de espírito inquieto”. Se não me engano, Jacques Cousteau proferiu esta sentença. A inércia é apenas um ponto de vista, especialmente para nós. Por piores que as coisas possam estar sempre encontramos uma fagulha evolutiva no processo. Somos uma corrente alvinegra de apoio constante. Batalhamos sempre e a desistência jamais é uma opção válida.


Talvez possa estar ausente, tomando um café com antepassados, quando o troféu pelo qual anseio chegar. Contudo, parte integrante deste ser que vos escreve manter-se-á viva porque sozinhos podemos ser mortais, mas quando nos juntamos a esta Massa para amar esta Instituição independentemente de qualquer taça a ser polida, a nossa alma perdura, intrínseca, como parte dela. Pois nossa alma é vencedora, lutadora, persistente. A nossa alma é alvinegra.Por estas e outras posso garantir, sem pestanejar: não há maior orgulho nesta vida do que ser atleticano.