sexta-feira, 25 de março de 2011

25 de março 103 de amor pelo Galo




Vivo mais um 25 de março, data em que comemoro o aniversário dessa minha primeira pele, o Clube Atlético Mineiro. Queria escrever um texto como forma de gratidão por tudo que vivi ao lado desse escudo, mas sou um mero mortal, de palavras curtas, calado como bom mineiro, ressabiado com o que vai dizer e esse Galo das Minas Gerais merece mais.
Tamanho é meu amor por essa bandeira, que sozinho não poderia expressar o que sinto e o que o Atlético representa para milhões de pessoas que vivem o preto e o branco 24 horas por dia. Por isso hoje, ao comemorar 103 anos dessa existência, recorri aos grandes artistas da história, pois assim levaria as palavras merecidas ao Galo; e com tantos gênios reunidos, talvez tivéssemos, finalmente, a resposta do que é todo esse universo Clube Atlético Mineiro. Convoquei todos e vi também que ali havia uma oportunidade de convertê-los ao atleticanismo.
O primeiro a entrar na sala foi Fernando Pessoa, então lhe apresentei o início de nossa história e os anos de glórias, alegrias e a paixão que começava a surgir pelas ruas de Belo Horizonte. Fernando não pensou duas vezes para definir essa paixão: “Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?”
Uma história que parecia impossível, um sonho tão distante e ao mesmo tempo tão real, presente nos olhos daqueles garotos que não mediam esforços para levarem o preto e o branco aos quatro cantos do mundo. Um senhor com bigode curto e de olhar sereno espiava pela janela. Era Charles Chaplin, o rei da era preta e branca no cinema. Balançando o bigodinho, ele dizia, sem legendas “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.”
Outros grandes nomes da humanidade foram chegando, interessados por essa história centenária. Alguns debatiam sobre essas primeiras demonstrações do atleticano e questionavam se tanto amor poderia atrapalhar o futuro do clube. Victor Hugo foi enfático ao dizer “A medida do amor é amar sem medida”. Para completar o pensamento de Victor, chamei outro escritor que sabia como ninguém sobre esse sentimento, mas fui ignorado pelo senhor que estava na janela olhando para uma camisa no varal e torcendo contra o vento.
Quando viu aquela cena, Einstein não precisou de fórmulas para dizer “A mente que se abre a uma nova ideia, jamais volta ao seu tamanho original”, e como ali todos entediam as entrelinhas, não era preciso explicar que o físico era mais um convertido ao maior de Minas Gerais. Na verdade ele queria dizer que um homem capaz de entender o que é esse Atlético, jamais optará por outra bandeira.
Alguns já ‘atleticanizados’, diziam-se alvinegros desde criancinha, como Vinícius de Moraes que já carregava sua bandeira na mão dizendo pela sala “Se o amor é fantasia, eu me encontro em pleno carnaval”. Os alto-falantes ligaram sem um aviso prévio e uma voz de turco faltou em tom áspero que todos já nascem atleticanos, mas no decorrer da vida alguns fracassam.
Quase perdi o controle nesse momento, pois a sala estava lotada, então, para acalmar os ânimos, lhes contei sobre os dias difíceis, a queda, o período sem títulos e os anos onde a esperança deu lugar à dor. Alguém indagou do fundo da sala se não tínhamos sonhos, e antes que eu pudesse responder usando a frase marcante de Marthin Luther King, Chico Buarque me interrompeu e completou “Sonhos não morrem, apenas adormecem na alma da gente.” – E não foi preciso que eu dissesse mais nada para que todos entendessem que o atleticano também sonha com dias dourados, sabendo que o atalho para chegar aos seus sonhos é cantar cada vez mais alto nas arquibancadas.
Para ficar mais claro, expliquei-lhes o que representou o grito “Vamos subir Galô”, quando tudo parecia perdido. Não era um título mundial e muitos preferiam não estar passando por aquele momento, mas o hino entoado vinha do fundo da alma e se para alguns não havia motivo para tanto, Carlos Drummond de Andrade simplificou ao dizer: “Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”.
Tanto amor, fidelidade, raça, tanta entrega por um clube era como droga viciante para um local com tantos poetas; que já respiravam alvinegro. Alguns começavam a cantarolar o hino e por isso Mário Quintana disse com total certeza que se voltássemos para o fundo do poço, mais uma vez estaríamos ao lado dessa camisa, pois essa é uma companheira do dia a dia, amiga nos bons e maus momentos e “A amizade é um amor que nunca morre”.
Grandes pintores, músicos, escritores, cientistas, entre outros queriam saber mais e mais sobre essa filosofia que partiu de 22 garotos e chegou a milhões de atleticanos, mas como Cazuza estava certo, “o tempo não para”; e era chegada a hora de encerrar aquela reunião, certo que a missão de ensinar a história do Galo a alguns dos maiores nomes da humanidade estava cumprida, mas ainda assim sem a resposta do que é o universo atleticano, afinal não é algo que pode ser calculado, descrito ou sequer imaginado. A razão desses 103 anos de existência está numa criança que ainda não sabe falar, mas que reconhece o escudo do Galo e abre um sorriso ou no senhor que não sabe ler nem escrever, mas guarda em sua memória centenas de nomes de pessoas que já passaram pelo Atlético. Não há ciência que possa trazer uma definição para um corpo arrepiado após um gol ou a uma lágrima que desce quando sobe um bandeirão e uma só canção domina o estádio.
Restava aos grandes pensadores, presentes naquela sala, a apresentação de um integrante dessa família atleticana, um compositor que atendia pelo nome de Vicente Motta. Diante de pessoas que fizeram as maiores obras de arte do planeta, ele puxou os versos da canção que homem algum poderia explicar. Vicente e outros milhões de atleticanos cantaram juntos:
Nós somos do Clube Atlético Mineiro
Jogamos com muita raça e amor
Vibramos com alegria nas vitórias
Clube Atlético Mineiro
Galo Forte Vingador.
Vencer, Vencer, Vencer
Este é o nosso ideal
Honramos o nome de Minas
No cenário esportivo mundial
Lutar, Lutar, Lutar
Pelos gramados do mundo pra vencer
Clube Atlético Mineiro
Uma vez até morrer
Nós somos Campeões do Gelo
O nosso time é imortal
Nós somos Campeões dos Campeões
Somos o orgulho do esporte nacional
Lutar, Lutar, Lutar
Com toda nossa raça pra vencer
Clube Atlético Mineiro
Uma vez até morrer.

ABRAÇO NAÇÃO!
PARABÉNS ATLÉTICO!
PARABÉNS MASSA!


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